segunda-feira, 17 de setembro de 2007
Os ciprestes
Não penses na noite, porque hoje não há ciprestes no mundo. Há o cheiro, há o horror, há o sentido de não fazer sentido. Há uma brisa, que me envolve nessa escuridão sem cessar, repleta em divagações que são as minhas, cheia de tudo e de nada. O odor é forte. Odor nauseabundo, de cemitério... porque hoje já não há os ciprestes. E por mais assustadores, sempre cobrem com um ligeiro abraço o cheiro duma sombra, do podre, do ser que nao sabe nem quer ser. Mas continuo a pensar. A noite não tem estrelas, não tem som... tem somente o tempo de ser noite, o negro de ser noite... Estamos no cemitério, a sonhar. A sonhar horrores, porque hoje já não há ciprestes no mundo. Há só pessoas.
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